25 setembro 2007
caligrafia - tim tchais
Uma escrita que se prende com pregos num tapume da cidade. Tapume de obra da cidade que se faz desfazendo-se. Resta à arte agregar-se ao precário de um tapume de obra em construção. Mas não o faz assim sem mais da posse. Antes ri do o “é meu”.
É uma escrita que desdenha também do imperativo da propaganda. Escusa-se do Compre! Faça! Vá! Beba! Coma! Dá-se apenas. Espera apenas que possa ser vista.
Resta à arte, mas um resto que se recusa à sobra. Um resto que se refaz dos restos da construção e se atrita. Opõe-se à cidade por amor à ela.
Uma escultura que se prende à parede. Um grafite que dela sai.
Recusa a fotografia, recusa-se à bidimensão, escapa da imagem. Resiste à imagem. Só se dá num lugar e num tempo. Escapa ao registro. Talvez nos diga: é aqui e agora. Não há passado nem futuro. Não há uma imagem que devamos carregar. É desconcerto e estranhamento. Arabescos de refinada composição para um fim que não está no futuro, mas que é agora.
É preciso ter olhos para ver.
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